Conteúdo Opinativo

Tempos modernos

18/11/2020 - 13:40
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Que a moderna tecnologia trouxe-nos benefícios, isso é indiscutível. Os mais diversos e inimagináveis. Agora mesmo, quando escrevo este texto, fico imaginando usar o que estou usando em tempos passados. Fazê-lo no celular. Não preciso de uma mesa, cadeira, papel, ou até mesmo de um notebook, desconfortável pelo seu volume. Sentado em qualquer canto ou até mesmo deitado, é só dar vazão à imaginação. Mas, às vezes, essa mesma tecnologia nos prega peças quando não nos faz pagar micos. Utilíssimo para barrar àqueles que gostam de passar a mão no que é do alheio, também pode causar constrangimentos a meros inocentes. Refiro-me aos alarmes que são colocados pelas lojas, em produtos diferenciados pelo preço. Alguns são retirados das mercadorias ao passarmos pelo caixa. Outros, sem que sejam retirados, são apenas desmagnetizados. E como tenho um atrativo para essas coisas, geralmente sobram para mim. Contarei duas situações pelas quais passei e que servirão como exemplo. 

Certa feita, em um shopping de Maceió, Juju e eu tomamos rumos diferentes e marcamos o reencontro na praça de alimentação. O primeiro a chegar daria um toque para o celular. Já algum tempo depois, entrei em loja de departamentos e fui olhar umas camisas. Estando com uma nas mãos, o telefone dá um sinal de mensagem. Como preciso das duas mãos para usar o celular, involuntariamente coloquei a camisa em baixo do braço e fui responder já caminhando para a saída da loja. Ultrapassei a barreira de sonorização do alarme e encaminhei-me para encontrar com ela. Quando me vê, pergunta: Por que essa camisa sem empacotar? Fiquei perplexo. Volto às pressas para a loja e, exatamente na entrada, toca o infeliz do alarme. Para quem não estava olhando, pensava ter voltado com o sinal. Para minha sorte tinha uma funcionária que presenciou minha entrada. 

Em outra ocasião, desta feita bem longe de nossas plagas, estávamos em Paris e fomos a uma loja de perfumes. Juju comprou o que achou, mas teve um que não tinha. Fomos direcionados para uma outra loja do mesmo grupo um pouco distante, mas o tempo era nosso parceiro. E lá fomos nós. Para desencanto da esposa, depois de alguma procura, e não tendo o que procurava, íamos saindo quando o alarme toca. Tinham deixado de desmagnetizar na loja anterior de onde saímos e não alarmou, fazendo com que passássemos vergonha na filial. Tivemos que apresentar as notas dos produtos adquiridos, ficando tudo resolvido, mas o constrangimento pelo qual passamos é algo que não se deve desejar ao maior inimigo. Tempos modernos, como nos fez ver Charlie Chaplin.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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